sábado, 25 de junho de 2011

Sozinho

Quando cheguei a tardinha de sol poente,
Notei que a porta não estava entre-aberta.
Que a mesa não estava posta,
Que a toalha não estava estendida,
Que os lençóis não me esperavam como antes,
E que seu cheiro não pairava mais no ar.

O silêncio mórbido era a presença mais marcante,
Um nó estreitava a garganta.
Vi que sua vida
Não estava mais em minhas gavetas,
Espalhadas no meu quarto,
Lado a lado no meu leito.

Neste momento prefiro a escuridão que me cobre aos poucos,
A certeza da ida sem volta me atormenta.
Quero um mundo de morfina e anestésicos,
bálsamos para as noites em frio.

Quero um canto silencioso, de brisa que me corta a carne
Que me mostre falhas e erros.
Quero o conforto daquela serra, que ao longe da minha janela,
Me faz companhia nesses dias de gloria e dor,
Sozinha como eu.

Júnior Parriul

Nenhum comentário: